quinta-feira, 3 de abril de 2008

Tempo de memória...

Em tempos onde à ira alimenta quase todas as vinhas, momento em que a razão bateu em retirada, noite em que o único empório aberto é o do desejo, o fim não é nada, o desenrolar é tudo. O multitempo, o multiespaço, a multinformação, não nos permite mais identificar o próprio fim, a própria condição e a prevalência do estado humano de existência. SAIA DE MIM, como diriam velhos “amigos”, mesmo que vomitado, expelido, exorcizado a vontade de uma nova aura, a condição de uma outra provocação, a afirmação de mais diversão com nosso velho álbum de fotografias mentais.Na perfumaria complexa de nossas/vossas teses fundamos a falência da razão, nos deleitamos no just in time do vivido, nos criamos nos jogos de linguagem, somos regidos pela imprevisibilidade do tempo presente, realizamos nossa natureza própria em um imenso empório de estilos. Alguém viu o Estado?
O movimento de banalização, que sob a diversão furta-cor do espetáculo, domina mundialmente a sociedade moderna, domina-a também em cada ponto em que o consumo desenvolvido das mercadorias multiplicou na aparência os papéis e os objetos a escolher (...) a própria insatisfação tornou-se mercadoria.
O que nos resta, se a nossa tarefa consiste em discernir a razão no mundo, vale dizer, desvelar as estruturas em vista da realização da liberdade razoável, é identificar quais são as estruturas e os mecanismos que desmontam a realização humana e a liberdade individual e social, demonstrando que a própria liberdade é tomada pelo discurso espetacular, tornando-se mecanismo negador da existência, daquilo que nós mesmos fizemos.

Nenhum comentário: